Organização social apresenta relatório sobre a situação do trabalho infantil
22 de fevereiro de 2014

Uma criança de apenas seis anos era obrigada pelos pais todos os dias a acordar de madrugada e conduzir o gado no município de Macaúbas. Ela dizia que tinha medo de um gato grande, mas os pais não davam importância a esse apelo, até que, dias depois, ela foi devorada por uma onça e somente sua cabeça foi encontrada.  Essa história terrível aconteceu no ano passado e foi relatada nesta quinta-feira, dia 20, no auditório da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre) durante a apresentação do relatório da Organização Social Avante (Educação e Mobilização Social).

Os juízes do Trabalho, que participam do esforço pela erradicação do trabalho infantil junto com representantes de outras instituições, foram representados pela Dra. Rosemeire Fernandes, juíza titular de Itapetinga e uma das gestoras regionais do programa de combate ao trabalho infantil da Justiça do trabalho.

Para Dra. Rosemeire, é importante a construção coletiva de um plano de ações articuladas e o fortalecimento do sistema de proteção à criança. “O trabalho infantil é consequência de uma falha nesse sistema, que deve envolver não só os agentes públicos, mas a própria comunidade, que deve denunciar a exploração de crianças e adolescentes”, destaca a juíza. 

O trabalho da Avante foi realizado no Território de Identidade da Bacia do Paramirim, que envolve os municípios de Boquira, Botuporã, Caturama, Érico Cardoso, Ibipitanga, Macaúbas, Rio do Pires, Tanque Novo e Paramirim. O projeto, denominado “Todos Juntos”, fez um diagnóstico ouvindo fontes primárias.

De acordo com o relatório, a percepção geral é que o trabalho infantil ainda é encarado como algo “natural” e “dignificante” pela comunidade. É um ciclo que passa de pai para filho e que precisa ser interrompido.  Para muitos pais da região, ter o filho trabalhando é motivo de “honra”, uma tradição que deve ser mantida, aponta o relatório.

A renda per capita dos municípios que compõem a Bacia do Paramirim gira em torno de R$ 250,00. Com isso, essas cidades estão entre os 30% mais pobres do país, com mais de 1/3 da população em situação de vulnerabilidade econômica.

O “Todos Juntos” foi um projeto que contou com a participação de gestores municipais; juízes do Trabalho;  servidores das secretarias de Saúde, Educação e Ação Social; conselheiros municipais; professores; agentes de saúde; representantes de grupos de jovens, da Igreja, de sindicatos de trabalhadores; além de membros da Polícia Militar e a sociedade civil organizada.

Os juízes do Trabalho têm feito sua parte, participando de Caravanas Estaduais pela Erradicação do Trabalho Infantil e integrando diversos fóruns comitês no Estado que atuam no combate a esse tipo de exploração. 


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